terça-feira, 24 de abril de 2012

A doutrina Cátara

Os cátaros eram maniqueístas e gnósticos, pois afirmavam a existência de dois princípios opostos: o do Bem e o do Mal. Portanto, eles atribuíam entidade ao Mal. Consideravam que o mal tinha existência ontológica. E isto é o que os tornava maniqueus. Apesar disso, afirmavam ser os verdadeiros e bons cristãos. Dai serem seita cristã e maniquéia. Mais do que isso, eram maniqueistas porque traziam em sua doutrina aspectos da mensagem sincrética do iniciado persa Mani, que tinha espalhado pelo mundo antigo, sua doutrina gnóstica.
Para eles, a matéria teria sido criada pelo deus do mal, para aprisionar nela o espírito do Deus bom. Portanto, todo o universo material seria maligno, e o Criador do Mundo -- Deus adorado pelos Católicos -- seria o Deus do Mal. Um deus menor encarregado da criação do mundo, conhecido universalmente como Demiurgo, seria então sob esta ótica, o deus da matéria ou do mundo da matéria, o Deus supremo seria o principio de todas as coisas, a fonte do mundo divino.
Em consequência, eles condenavam a maternidade, pois que a mater, a mãe, produziria mais matéria. Por isso diziam que toda mulher grávida estava ``possessa´´. A mulher, enquanto geradora de matéria, seria fonte do mal, entenda-se mal aqui, como a impossibilidade do ser humano de gerar seres perfeitamente espiritualizados, todo ser que nasce neste mundo, nasce por que é imperfeito e possui Karma, o nascimento poderia ser visto como uma possibilidade de resgate. O casamento e a procriação eram tidos como obras do deus do Mal, contudo ao mesmo tempo uma benção pois, evitava uma degeneração maior dos seres humanos, segundo a lei bíblica: é melhor casar do que abrasar.
A salvação para o catarismo era a libertação da alma de seu invólucro satânico, isto é, o corpo material impuro. Devido a essa concepção, os cátaros viam com bons olhos o suicídio.
“Além do suicídio por envenenamento ou salto num precipício, ou ainda a pneumonia voluntariamente contraída, era comum procurar-se a morte pela fome ou endura; deixavam de comer até se extinguir.”
Os sacerdotes cátaros, que denominavam-se "bons cristãos" ou "bons homens" e "boas mulheres", aparentemente levavam vidas simples e castas. Desprovidos de quaisquer posses materiais, buscavam afastar-se ao máximo do mundo, que consideravam corrupto, pois consideravam toda matéria corrupta. Eram considerados bons homens a partir do momento em que recebiam o consolamentum, um rito que representava de maneira simbólica sua morte com relação ao mundo. Os crentes (croyants) eram simpatizantes da doutrina cátara e somente recebiam o consolamentum nos momentos que antecediam sua morte. Os altos sacerdotes cátaros eram denominados perfeitos. Eles caminhavam entre o povo, sempre dois a dois, pregando o Amor universal e também auxiliando a população em suas necessidades. Deviam abster-se da alimentação carnívora, de atividades sexuais, evitar qualquer forma de violência e não podem possuir nenhum bem material.
 todas as criaturas e o mundo criado estão imersos em uma guerra eterna entre dois princípios irreconciliáveis: a luz – ou seja, o Espírito – e a escuridão, ou matéria. O verdadeiro Deus é visto como o criador do reino divino. Já nosso mundo material, repleto de miséria e corrupção, não pode ser uma criação do verdadeiro Deus. Portanto, só pode ter sido criado por um Deus mundano, que em certas ocasiões se associa com Satã. Ao mesmo tempo, os cátaros acreditam que há partículas do reino de Deus - centelhas divinas adormecidas no ser humano - perdidas neste mundo, e que elas precisam ser despertadas e resgatadas.  Devido à inúmeras discrepâncias entre o pensamento cátaro a e doutrina da Igreja Católica, entre eles o pensamento maniqueísta, o catarismo foi visto, pela Igreja Católica, como uma perigosa heresia. A perseguição iniciou-se por uma tentativa fracassada de reconversão da população local. Posteriormente, foram instalados tribunais de inquisição. Nessa época, a convivência local entre católicos e cátaros era boa: existem poucos relatos históricos de conflitos e há até mesmo diversos relatos de acobertamento de cátaros por católicos. Como todas as tentativas anteriores haviam falhado, a igreja católica implementou a conhecida cruzada contra os albigenses (referência aos cátaros habitantes da cidade de Albi e, por extensão, a todos os cátaros do sul da França). Essa foi a primeira cruzada a combater pessoas que se autodenominavam cristãs. A cruzada foi finda pela Rainha~Regente Branca de Castela, mãe de São Luis Rei da França, que pertenciam à dinastia capetiana, extremamente católicas. Essa violenta cruzada marcou o fim do movimento cátaro.
Eu como catolico considero que essa perseguição foi um verdadeiro crime cometida pela minha igreja. Defendo o direito cada um ter as suas doutrinas religiosas. defendo o dialogo entre as religiões e o ecomunismo entre as diferentes dominações cristãs Aqui fica a minha homenagem a todos os que se batem pelo direito a liberdade religiosa e de pensamento filosofico.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo belo texto! Porém quando diz que os Cátaros afirmavam dois princípios opostos, o bem e o mal, não encontramos nós uma dualidade, ainda que diferente, na Igreja de Roma, com a introdução do Diabo na fé? Não tem o mal existência ontológica a partir da altura em que esta igreja refere à existência do inferno? Assim, não haverá um maniqueísmo romano? Por outro lado, qual a fronteira que define uma "seita" de uma religião, atendendo ao sentido negativista da palavra "seita". No que toca á noção de impureza logo à nascença, reencontramos a mesma noção na igreja romana, na medida em que se define o ser humano concebido com pecado original....A salvação para os católicos romanos passa pela libertação da alma afim de se juntar a deus. Passa igual para os Cátaros; não vejo aí grandes diferenças. Em suma talvez se deva acentuar, isso sim, o facto da Igreja de Roma ter entendido que aquela religião estava crescendo com demasiado sucesso, denigrindo o poder e a fastuosidade....Foi necessário queimá-los. Não devemos temer de denunciar as aberrações humanas, mesmo quando provindas de uma religião baseada em Jesus, alguém que apenas defendia o amor.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pelo seu comentario. Acho extredmamente louvavel que os Cátaros se dedicavam a fazer o bem tal como a maioria do povo catolico que muitos chegaram a proteger os seus irmãos cataros da preseguição feita pela igreja. Eu gosto muito do conceito de Igreja enquanto a união de todos os crentes. Infelizmente a Igreja do Poder e da hieraquia cometeu alguns pecados graves. Já reconhecidos pelo anterior papa. Enfim a igreja é governada por homens que muitas vezes cometem erros. Tal como se sabe dentro da Igreja existem diferentes sensibilidades. Eu me considero um catolico progressista. Existem algumas estruturas da igreja com o qual não tenho muita Simpátia por serem demasiado conservadoras(Opus Dei).Mas respeito a sua existência. O meu ideal enquaqnto cristão é tentar ser como Jesus que limitava-se amar sem fazer diferenças entre pessoas. Muita paz

      Eliminar