quarta-feira, 23 de maio de 2012

Construido inimigos

O titulo do meu texto ,deve-se  a leitura de um livro do Umberto Eco,  Construindo o Inimigo e outros escritos ocasionais.
Este autor extremamente conhecido no mundo inteiro, nomeadamente devido ao seu famoso romance, O Nome da Rosa. Filósofo medievalista e semiólogo.
Alias o  autor afirma categoricamente que " Para manter o povo sob controlo é necessário inventar constantemente inimigos, e pinta-los de maneira a  inspirarem medo e repugnância" . Alias muitas vezes criam-se inimigos e apoiam-se inimigos dos nossos inimigos para derrotar o nosso inimigo. Mas esses após a derrota do inimigo comum viram-se contra o antigo aliado. Um exemplo disso são os Talibas  e o Bin Laden em relação aos Estados Unidos. Ao longo da historia sempre houve uma necessidade de construção de inimigos. os inimigos são diferentes de nós e comportam-se segundo costumes que não são os nossos.  existe sempre uma necessidade de demonização do inimigo. um exemplo que o autor apresenta é o que diz Tácito sobre os judeus " Profano é para  eles, tudo aquilo que é sagrado para nós, e o que é para nós impuro é para eles lícito (...) são estranhos porque se abstêm-se da carne de porco, não põem fermento no pão, descansam ao sétimo dia, casam-se entre apenas entre eles (...) sepultam os mortos e não veneram os nossos césares ". Outro exemplo de inimigos são os imigrantes que são de cor e de religião diferente da nossa. Os inimigos cheiram mal e são feios. Para reflexão coloco uma citação do autor que me fez pensar muito. E de certa maneira terminou com uma certa ilusão minha sobre a bondade inerente do Homem. "Parece que não se pode passar sem o inimigo. A figura do inimigo não pode ser abolida dos processos civilizacionais. A necessidade  é congénita mesmo do homem brando e amigo da paz. Simplesmente, nesses casos, a imagem do inimigo é transferida de um objecto humano para uma força natural ou social, que de algum modo nos ameaça ,  e que tem de ser vencida, seja ela a exploração capitalista, poluição ambiental , a fome do terceiro mundo. Mas, mesmo que estes sejam virtuosos, como nos recorda Brecht, também o ódio à injustiça desfigura o rosto.". Enfim apesar de vivermos num mundo globalizado continuam existir preconceitos entre pessoas de nações diferentes ( Um exemplo disso são Alguns ditados portugueses contra  os Espanhóis:  " de Espanha nem bons ventos , nem bons casamentos") , religiosos nomeadamente entre cristãos e judeus, judeus e muçulmanos   ( onde questão da Palestina tem sido o ponto fulcral dessa luta desde da independência de Israel) mas também entre cristãos e muçulmanos ( Nomeadamente as cruzadas medievais mas   também as recentes vagas de ataques terroristas jihadistas como o 11 de Setembro,  exemplo máximo e marco civilizacional . Pois nada voltará ser como antes).  Mas também existem os inimigos económicos, como os grandes bancos e as instituições financeiras que nos tem colocado reféns do seu poder.  São os culpados de tudo nomeadamente para os seguidores das teorias que defendem que estes estão a criar um governo mundial. Existem também recentemente nalgumas esferas mediáticas, uma certa hostilidade para com a Maçonaria e com os Iluminatti que também são bodes expiatórios para um certo mal estar social. Tudo isso devido ao facto de serem organizações secretas e são acusadas de protecção entre os seus membros, nomeadamente na colocação dos seus membros em lugares fulcrais na rede de poder quer ao nível nacional, quer ao nível mundial.     

Pintura de Salvador Dali, A Face da Guerra .  

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