"Mais de um milhão de guineenses estão reféns de
militares... guineenses. Temos sido sacudidos e violentados, usurpam" e
tolhem-nos os nossos direitos, até o mais básico. Até quando mais a
comunidade internacional vai tolerar que gente medíocre - alguma classe
política, e militar faça refém todo um povo? A história endossará uma
boa parte da responsabilidade à comunidade internacional.
Ajudem
o povo da Guiné-Bissau; não os abandonem, agora, mais do que nunca.
Tiveram todos os sinais de que uma insurreição era possível, ainda que
desnecessária. Nada justifica o levantar das armas, é intolerável o
disparo de armas pesadas numa cidade com mais de quatrocentas mil
pessoas. É criminoso, acima de tudo. Tiveram tudo para estancar a
hemorragia e a orgia de violência. Sabem há muito que este é um país que
nasceu, cresceu e vive sob laivos de militarismo.
Agora,
tudo está calmo. Não há tiros, nem feridos nas urgências e menos ainda
corpos na morgue resultado de mais uma brutalidade da canalha. Não se
sabe quem morreu - espero e desejo que ninguém tenha sido morto. Um país
é o último, e único, refúgio seguro para o seu povo. Foi traumatizante
ver mulheres e crianças a chorar; é triste ver homens e jovens a fugir
de homens e jovens como eles. É desolador. Estou abatido, e, sobretudo
cansado. Não tenho sequer forças para gritar.
Olho
e registo tudo. Depois escrevo, na certeza de que alguém me vai ler e
comungar dos mesmos sentimentos. O meu blogue, hoje, foi já acessado por
mais de 50 mil pessoas. Ficará para a estatística. Teria preferido uma
visita por dia, a ter de suportar cem mil pares de olhos tristes e
enevoados: estão a matar-nos, estão a destruir as famílias, a tornar as
crianças violentas.
O pior da Guiné-Bissau, meus caros...é o guineense!"
Uso o meu Blogue como forma de denunciar esta arbitrariedade contra a liberdade de expressão.
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